sexta-feira, 25 de março de 2011

Trabalho de Adaptação ao Meio Aquático para Idosos

Artigo apresenta um programa de ensino, elaborado especificamente para este estudo, com quatro sessões, visando o aprendizado de habilidades que garantam independência motora durante a imersão, isto é, adaptação no meio aquático, para pessoas idosas.

Este programa é a primeira parte de uma intervenção hidroterapêutica planejada para ganho de força e mobilidade em idosos com idade entre 65 e 70 anos. A adaptação ao meio aquático é pré-requisito para o desenvolvimento desta intervenção, devido ao receio apresentado para a realização de atividades em meio aquático, comum nesta população, quando iniciam atividades de hidroterapia. O aprendizado de habilidades motoras no ambiente aquático deve proporcionar aos idosos independência do suporte físico do fisioterapeuta e aprendizagem das atividades motoras propostas de forma eficiente (principalmente durante atividades de deslocamento na água, mudança de direção e que exijam velocidade do corpo ou dos segmentos corporais). Foram sujeitos deste estudo 18 idosos. Avaliou-se o desempenho na realização de dez atividades motoras treinadas com base em um roteiro previamente elaborado e pesquisou-se também a pressão arterial e a freqüência cardíaca, como indicadores do estresse provocado pela realização de atividades na água. A avaliação foi realizada pela pesquisadora e por um observador independente, com concordância de 92% entre ambos. Encontrou-se que, o grupo apresentou 89,7% do aproveitamento esperado, na realização das atividades motoras propostas ao final do programa, associado com diminuição da pressão arterial da primeira para a quarta sessão. Concluiu-se que o programa de ensino de adaptação ao meio aquático proposto foi suficiente para produzir alterações nas repostas motoras dos participantes que apresentaram independência no meio aquático e, para estabilizar os níveis de pressão arterial e freqüência cardíaca que se mostraram elevados no início do programa, estando este aumento provavelmente associado à ansiedade e à insegurança física. Propõem-se pequenas adaptações ao programa com a finalidade de que os participantes atinjam 100% do aproveitamento esperado. escrito por:Juliana Monteiro fonte:http://www.chacaraklabin.com.br/colunas/colunas.asp?n_colunista=19&coluna=18

Síndrome de Prader-Willi

A síndrome de Prader-Willi é uma doença genética que afeta o desenvolvimento da criança, resultando em obesidade, estatura reduzida e baixo tônus muscular (hipotonia). Os portadores apresentam dificuldades de aprendizagem e problemas comportamentais, entre eles depressão, episódios de violência, mudanças repentinas de humor, impulsividade, agitação e obsessões por determinadas idéias ou atividades. Descrito pela primeira vez em 1956, o distúrbio é considerado hoje a principal causa de obesidade com origem genética.

Características clínicas

Durante o período neonatal e a primeira infância, a enfermidade caracteriza-se por diferentes graus de hipotonia. Bebês com a síndrome de Prader-Willi apresentam baixo índice de vitalidade (freqüência cardíaca baixa, respiração fraca ou irregular, movimentos lentos etc), dificuldade de sugar, baixa temperatura corporal (hipotermia) e choro fraco. Além disso, são pouco ativos e dormem a maior parte do tempo. Uma vez diagnosticada a doença, a criança pode ser alimentada por meio de sonda gástrica durante vários meses, até que seu controle muscular melhore.

O enfraquecimento do tônus muscular, entretanto, não é progressivo e começa a estabilizar-se por volta dos 8 aos 11 meses de idade. A criança fica mais alerta, seu apetite aumenta e ela ganha peso. A obesidade surge, aproximadamente, entre 1 e 6 anos de idade, o que pode representar um marco para o início da segunda fase da doença.

Nesta etapa, o portador da síndrome de Prader-Willi apresenta atraso no desenvolvimento neuromotor (demora para começar a sentar, engatinhar e caminhar), dificuldade na articulação de palavras, problemas de aprendizagem, constante sensação de fome e interesse por comida (hiperfagia), obesidade, inatividade e diminuição da sensibilidade à dor. As características físicas são baixa estatura, mãos e pés pequenos, pele mais clara que os pais, boca pequena com o lábio superior fino e inclinado para baixo nos cantos da boca, fronte estreita, olhos amendoados e estrabismo.

Algumas crianças de 3 a 5 anos podem desenvolver problemas de personalidade, como depressão, violência, alterações repentinas de humor, pouca interação com outras pessoas, imaturidade, comportamento social impróprio, irritabilidade, teimosia, hábito de mentir, desobediência ou falta de cooperação, impulsividade, agitação, choro sem razão, rejeição à mudanças na rotina e obsessão por alguma idéia ou atividade. Por outro lado, costumam apresentam grande habilidade para montar quebra-cabeças.

Incidência e causas

A incidência da síndrome de Prader-Willi é de aproximadamente um caso em cada 10 mil a 30 mil nascimentos. A doença é geralmente esporádica: poucos são os casos relatados de ocorrência entre membros da mesma família. Entretanto, é importante investigar o mecanismo genético que originou a síndrome, já que o risco de recorrência do distúrbio varia de 1% a 50%.

A doença tem origem genética. Da mesma forma que na síndrome de Angelman, os portadores apresentam ausência de determinada região do cromossomo 15. Na síndrome de Prader-Willi, porém, a parte ausente é de origem paterna, e não materna, como ocorre na de Angelman. Como resultado, o indivíduo não apresenta a expressão de uma informação genética transmitida pelo pai.

O diagnóstico é feito por meio do teste genético, capaz de identificar a ausência da contribuição paterna no cromossomo 15. As técnicas atuais permitem detectar 99% dos casos. Estudos mostram que essa avaliação é bastante eficaz para o diagnóstico precoce em recém-nascidos com hipotonia. Além disso, o exame é útil para diferenciar a síndrome de outras doenças em que crianças e adolescentes apresentam retardo mental e obesidade.

Diagnóstico precoce

É importante detectar o distúrbio precocemente, para que os pais tenham a oportunidade de oferecer às crianças dietas apropriadas e estimular nelas hábitos adequados de alimentação e atividade física. Dessa forma, é possível evitar problemas relacionados à obesidade, como diabetes, hipertensão e dificuldades respiratórias, que são as principais causas de morte dos portadores da síndrome na adolescência. Além disso, o diagnóstico precoce permite que a criança tenha acesso antecipado à ajuda de profissionais, como pedagogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos.

Na adolescência, o cuidado com a alimentação pode fugir ao controle da família. Os pacientes costumam usar sua perspicácia para conseguir comida e tornam-se agressivos quando o alimento lhes é negado. O portador e seus familiares precisam de suporte psicológico, que deve ser iniciado na infância e continuar até a vida adulta do indivíduo. Nesta fase, o maior problema passa a ser o controle de peso e de comportamento do paciente, que pode apresentar períodos de irritabilidade e até surtos psicóticos.

Geralmente, a identificação da síndrome ocorre somente após a manifestação da obesidade. Para que possa ser oferecida uma melhor qualidade de vida aos portadores, sugere-se que o teste genético seja requisitado em recém-nascidos e lactentes com hipotonia e dificuldade de sucção e algumas das características referentes à aparência física (fenotípicas) do distúrbio. Dessa maneira, pode-se conseguir o diagnóstico precoce e evitar métodos de investigação clínica mais invasivos e de difícil interpretação, como a eletroneuromiografia e a biópsia muscular.

Além disso, muitos efeitos indesejáveis dos sintomas da doença podem ser amenizados com o diagnóstico correto, que proporciona a chance de intervenções terapêuticas e educacionais. O conhecimento da família sobre a síndrome permite a busca de um espaço inclusivo, seguro, assistido e estimulador para o paciente se desenvolver e de um acompanhamento de saúde e educação adequados.

Cintia Fridman é docente no Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho na FMUSP e colaboradora no Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (LIM-27).
Contato: cintiafridman@yahoo.com.br



Fonte:http://www.neurociencias.org.br/pt/538/sindrome-de-prader-willi/

Atuação da equoterapia na espondilite anquilosante

A equoterapia é um método terapêutico de reabilitação motora e educacional que busca o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou com necessidades especiais(1,2), reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (Parecer 6/97).

A equoterapia tem sido utilizada com êxito em pacientes portadores de síndromes neurológicas(1), sendo citada na literatura para reabilitação de pacientes com instabilidade segmentar lombar(3) e pós-operatório de cirurgia de hérnia discal(4). O passo é a andadura rolada ou marchada, ritmada, a quatro tempos e simétrica em relação ao eixo longitudinal do cavalo, que transmite ao cavaleiro uma série de movimentos seqüenciados e simultâneos, tendo como resultante um movimento tridimensional em ciclos, análogo à marcha do homem(1).

Essa foi a razão que nos levou a investigar se a equoterapia poderia ser utilizada como terapêutica auxiliar na espondilite anquilosante. Para tanto, incluímos dois indivíduos portadores de espondilite anquilosante, não praticantes de atividade física regular e ou terapia reabilitacional. Os pacientes foram encaminhados por médico reumatologista, e além da terapêutica medicamentosa, foram incluídos em um programa de equoterapia, acompanhados por uma equipe multidisciplinar, composta por fisioterapeuta, psicóloga e instrutor de equitação. O animal foi conduzido somente ao passo, em seu ritmo natural, guiado pelo condutor sem interferência do paciente. A terapia realizou-se na freqüência de uma sessão semanal, com duração de 30 minutos, em pista oval de 400 metros de perímetro, por um período de nove meses.

Os resultados foram coletados por meio de fichas de avaliação padronizadas, no início do estudo (Avaliação 1), imediatamente após (Avaliação 2) e após quatro meses do término do estudo (Avaliação 3). Os dados objetivos compreenderam as medidas específicas, quais sejam: teste de Schober, distância entre a apófise de C7 à linha das cristas ilíacas, expansibilidade torácica, distância terceiro dedo-chão e distância occipto-parede(5). Paciente 1 — Paciente do sexo masculino, 24 anos, portador de espondilite anquilosante desde os 18 anos de idade. Na avaliação 1, referia dores de maior intensidade na região lombar baixa, com irradiação para os quadris e face posterior das coxas, até os joelhos, e dores de menor intensidade, na coluna cervical e nos ombros. Referia dificuldade em executar as atividades da vida diária que exigiam mobilidade na coluna vertebral, como vestir-se e despir-se, calçar meias, amarrar sapatos e escovar os dentes. Na avaliação 2, efetuada nove meses após a avaliação inicial e início do tratamento em equoterapia, referiu melhora na execução das atividades da vida diária e da sintomatologia dolorosa, permitindo a redução da dose diária de indometacina.

Quatro meses após a suspensão da equoterapia, o paciente notou que, quatro semanas após o término da terapia, suas dores e a rigidez na cintura escapular, coluna cervical e lombar aumentaram gradativamente, com diminuição da flexibilidade, flexão e rotação do tronco. Paciente 2 — Paciente do sexo masculino, 43 anos, portador de espondilite anquilosante desde os 37 anos de idade. Na avaliação 1, referia dores de maior intensidade na região cervical, e dores de menor intensidade na coluna lombar. Na pesquisa das atividades funcionais referia dificuldade em calçar meias, em calçar e amarrar sapatos e para higiene após as evacuações. Na avaliação 2, realizada cinco meses após o início do tratamento em equoterapia, referiu melhora na avaliação das atividades funcionais, permitindo a redução da dose de metotrexato de 7,5mg para 5mg por semana. Quatro meses após a suspensão da terapia, o paciente mantinha-se em uso de 5mg semanais de metotrexato, referindo dor na região tóraco-lombar, à rotação de tronco e piora da rigidez cervical, com aumento da dificuldade em calçar meias e sapatos. Existem poucos trabalhos científicos na literatura mundial sobre os recursos terapêuticos da equoterapia. Na presente amostra, embora os pacientes relatados fossem de faixas etárias distintas e de diferentes estágios evolutivos da doença, com a prática da equoterapia ambos os pacientes apresentaram melhora das queixas subjetivas, das atividades da vida diária e dos parâmetros objetivos avaliados. Não foram observadas alterações que causassem a piora do quadro clínico dos pacientes ou que lhe provocassem efeitos maléficos, durante a prática da equoterapia.

Deste modo, a equoterapia mostrou-se como mais um recurso disponível na terapêutica da espondilite anquilosante, com resultados satisfatórios. Apesar da pequena amostragem de pacientes, nossos dados preliminares sugerem, de maneira inédita, que esta modalidade terapêutica pode auxiliar no tratamento da espondilite anquilosante.

Agradecimentos: a Professora Regiane Albertini de Carvalho e a Marcelo Eduardo Osses. Milena Nóvoa Assumpção Dias Fisioterapeuta, especialista em equoterapia Carlos Eduardo Araújo Fortes Fisioterapeuta, especialista em equoterapia e ortopedia Renato Pereira Dias Médico reumatologista, especialista em equoterapia

REFERÊNCIAS 1. Medeiros M, Dias E: Equoterapia; Bases e fundamentos, Rio de Janeiro, Revinter, 2002. 2. Ande-Brasil. Disponível em: http://www.equoterapia.org.br/equoterapia.html. 3. Rothhaupt D, Ziegler H, Laser T: Orthopedic hippotherapy — new methods in treatment of segmental instabilities of the lumbar spine. Wien Med Wochenschr 147: 504-8, 1997. 4. Rothhaupt D, Laser T, Ziegler H, Liebig K: Orthopedic hippotherapy in postoperative rehabilitation of lumbar intervertebral disk patients. A prospective, randomized therapy study. Sportverletz Sportschaden 11: 63-9, 1997. 5. Pile KD, Laurent MR, Salmond CE et al: Clinical assesment of ankylosing spondylitis: a study of observer variation in spinal measurements. Br J Rheumatol 30: 29, 1991. Rev. Bras. Reumatol. v.45 n.2 São Paulo mar./abr. 2005

Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042005000200012&lng=pt&nrm=iso

Doença de Parkinson

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico, progressivo e crônico, que afeta os movimentos causando tremores, lentidão, rigidez muscular e dificuldades na fala e na escrita. Foi definida pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson. Naquela ocasião, ele descreveu seis casos de pacientes com “paralisia agitante” que não apresentavam “nenhum prejuízo dos sentidos e do intelecto”.

Sintomas

A causa do transtorno é desconhecida, mas sabe-se que está relacionada à morte de células nervosas (neurônios) produtoras da dopamina, que se localizam numa região conhecida como substância negra do cérebro. A dopamina é um neurotransmissor, ou seja, uma substância produzida pelo organismo que auxilia na transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio para outro. Por isso, sua diminuição causa dificuldades motoras. O quadro clínico da doença de Parkinson é caracterizado pela progressão lenta de alterações neurológicas, como tremores, rigidez, instabilidade postural e lentidão anormal dos movimentos (bradicinesia).

O tremor típico afeta os dedos ou as mãos, mas também pode atingir o queixo, a cabeça e os pés. Ocorre quando nenhum movimento está sendo executado – tremor de repouso – e pode variar durante o dia. Torna-se mais intenso quando o paciente está nervoso e pode desaparecer quando ele estiver completamente descontraído, chegando a desaparecer durante o sono. Os tremores podem afetar um ou os dois lados do corpo, com intensidades diferentes ou não.

A rigidez muscular afeta o modo de andar do indivíduo, que caminha arrastando os pés, com o corpo inclinado para a frente. A lentidão de movimentos é mais acentuada e evolui mais rapidamente que no envelhecimento natural. No início da doença, esse sintoma é pouco perceptível, mas aos poucos o portador apresenta uma demora maior na realização de tarefas cotidianas. Um dos sinais precoces da perda de movimentos é a diminuição da freqüência das piscadas de olhos.
O paciente também costuma apresentar raciocínio mais lento. Há um comprometimento da atenção, da concentração e da memória e uma perda de habilidades visuo-espaciais e de abstração, culminando com isolamento social, desinteresse generalizado e apatia.

A progressão da enfermidade varia muito entre os portadores, mas costuma ser vagarosa, regular e sem alterações bruscas. Em alguns casos, é tão lenta que a doença parece estabilizada.

Prevalência

Estima-se que o distúrbio afete 1% da população mundial com mais de 65 anos. O declínio das funções intelectuais é uma complicação freqüente dos estágios mais avançados. A prevalência de demência entre esses indivíduos varia de aproximadamente 15% a 20%, cerca de três vezes mais que na média população de mesma idade.

Não há evidências de que a doença de Parkinson seja hereditária. A maioria dos pacientes começa a apresentar sintomas a partir dos 50 anos. Apenas em casos mais raros, a enfermidade manifesta-se mais cedo. Estudos retrospectivos demonstram que a idade, e não a duração da doença, é o principal fator de risco para o surgimento da demência. Em portadores com menos de 65 anos, essa complicação é pouco comum, ao contrário do que ocorre com indivíduos acima dessa faixa etária que convivem com o distúrbio há bastante tempo.

Tratamento

O diagnóstico é feito por exclusão. O paciente é submetido a uma série de exames, para que se verifique a possibilidade de outras enfermidades estarem causando os sintomas parkinsonianos. Além disso, os médicos avaliam o histórico clínico do indivíduo e fazem uma avaliação neurológica.

A enfermidade não tem cura, mas pode ser atenuada. O tratamento consiste no controle dos sintomas e da evolução da doença, por meio de medicamentos e terapias. Entre as mais comuns estão a ocupacional, a fisioterapia e a fonoaudiologia. Em alguns casos, indicam-se as cirurgias.

A levodopa, ou l-dopa, é o principal medicamento usado no controle dos sintomas. No cérebro, ela se transforma em dopamina e supre a falta do neurotransmissor que está em escassez. No entanto, seu uso prolongado causa sérios efeitos colaterais, como os movimentos involuntários anormais. Outras drogas usadas para tratar a doença são os estimulantes dopaminérgicos, anticolinérgicos e inibidores da monoamino-oxidase-B e da catecol-o-metil-transferase, duas enzimas que digerem a dopamina.

Terapias complementares

A reeducação postural e a manutenção da atividade física por meio da fisioterapia é um complemento indispensável ao tratamento da doença de Parkinson. Os exercícios preservam a atividade muscular e flexibilidade. Na ausência de exercícios físicos, os músculos inativos tendem a se atrofiar e se contrair, aumentando a rigidez típica do parkinsoniano. A terapia ocupacional, por sua vez, ajuda o paciente a lidar com as tarefas cotidianas e a manter a atividade profissional. Já a fonoaudiologia é indicada para aqueles que têm falta de coordenação e redução do movimento dos músculos que controlam os órgãos da fala. A reabilitação da comunicação ajuda a manter uma fala compreensível e bem modulada.

As cirurgias consistem em intervenções em determinadas regiões do cérebro que controlam os mecanismos de rigidez e tremor: o núcleo pálido interno (palidotomia) e o tálamo ventro-lateral (talamotomia). Outra técnica, ainda pouco comum, é a implantação de um marcapasso cerebral, que controla os tremores. Essas intervenções, no entanto, não representam a cura da doença.

Cássio Bottino é médico-assistente, doutor em Medicina pela FMUSP e coordenador do Projeto Terceira Idade (Proter) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP
Contato: cbottino@usp.br
Para saber mais:
http://www.parkison.org.br

FONTE:http://www.neurociencias.org.br/pt/562/doenca-de-parkinson/

Pomada à base de pimenta alivia dores crônicas Tratamento dos sintomas dolorosos da Neuropatia Diabética

Milhões de pessoas sofrem de neuropatia periférica, uma síndrome de perda sensorial, que causa atrofia e fraqueza muscular, além de dores, formigamentos, perda de destreza e que costuma ser causada por diversas doenças como a diabetes, AIDS e artrite. Alguns pacientes de câncer também sofrem desse tipo de síndrome por conta das terapias às quais são submetidos.

Para os indivíduos acometidos da neuropatia periférica, um novo estudo sugere que pode haver esperança na diminuição dos sintomas: quatro entre dez pacientes demostraram um grande alívio das dores ao utilizar uma pomada a base de capsaicina, um princípio ativo presente na pimenta.

Os pesquisadores da Universidade de Oxford, Sheena Derry e Andrew Moore, lideraram um estudo de revisão de artigos, que juntos envolviam aproximadamente 1.600 pacientes adultos. Os resultados demostraram que o tratamento com a pomada de capsaicina pode servir como uma terapia complementar aos tratamentos medicamentosos tradicionais ou ajudar pacientes que não toleram os remédios disponíveis no mercado.

Entretanto o estudo lembra que a pomada pode ter efeitos colaterais, envolvendo irritação da pele, mas mostrou também que nenhum paciente chegou a desistir do tratamento com o produto.

Apesar dessa terapia se demonstrar menos efetivo em mais da metade dos pacientes, para os indivíduos que sofrem diariamente com as dores, qualquer pequena diminuição nos sintomas pode ser um grande alívio, e a pomada é uma opção a ser considerada, sugere a pesquisa.



Fonte: Center for Advancing Health
http://www.pharmecum.com.br/

O que fazer para poupar o envelhecimento cerebral?

Você quer manter seu cérebro funcionando direitinho mesmo com o passar dos anos? Pois é, não só você, mas a maioria das pessoas tem a mesmo desejo. Um novo estudo confirma que essa inquietação tem motivos: 53% das pessoas têm um leve declínio nas funções mentais aos 70 ou 80 anos, e aproximadamente 16% têm problemas mais sérios com a memória e outras funções cerebrais com o envelhecimento.

A boa noticia é que você não precisa fazer parte das estatísticas. Uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que uma em cada três pessoas que participaram da pesquisa não teve nenhum problema de memória quando passaram dos 70 anos. O estudo acompanhou 2509 homens e mulheres durante mais de oito anos. Todos os participantes tinham ao menos 70 anos no início dos estudos.

Analisando mais de perto esse grupo de pessoas, os pesquisadores perceberam que há muito que se pode fazer para melhorar a memória. De acordo com a pesquisa, o segredo é exercitar-se - e manter atividades mentais e uma vida social agitada também ajudam. Confira algumas das maneiras de manter seu cérebro jovem por mais tempo:


1 - Continue estudando: pessoas que se formaram no ensino médio tiveram de duas a três vezes mais chance de ficar no grupo dos que mantiveram as funções mentais intactas. As que tinham nível básico escolar tinham de quatro a cinco vezes mais chance de integrar o grupo.

2 - Pare de fumar: não-fumantes figuraram mais no grupo de pessoas sem nenhum declínio mental.

3 - Faça exercícios: pessoas que mantêm atividades físicas pelo menos uma vez por semana tiveram maiores chances de manter a memória.

4 - Se mantenha socialmente ativo: as pessoas que viviam com alguém ou faziam trabalhos voluntários tinham uma chance maior de ficar no grupo dos que mantiveram a memória intacta.


É claro que, além disso, existem outros fatores incontroláveis. O estudo mostrou que negros tiveram maior perda das funções cognitivas com a idade, assim como pessoas com hipertensão, diabetes ou um gene chamado apolipoproteína E, carregado por aproximadamente 25% da população mundial.

Porém, mesmo que você não tenha terminado os estudos ou algum outro fator que você não possa mudar, você ainda pode desafiar seu cérebro, de acordo com Alexandra Fiocco, que participou da pesquisa. Ela afirma que o jeito mais fácil de fazer isso é participando de atividades sociais, como trabalhos voluntários: "O isolamento é muito perigoso", diz Fiocco.

Michelle Carlson, diretora do Centro de Envelhecimento e Saúde de Baltimore (EUA), concorda com as descobertas quanto à atividade social e física. Seu grupo de estudos está realizando uma pesquisa em que homens e mulheres mais velhos fazem trabalhos voluntários ensinando técnicas de leitura para crianças e adolescentes. Fazendo imagens cerebrais dos voluntários, Carlson e sua equipe demonstraram que as pessoas tiveram grandes melhoras em seus cérebros, assim como aconteceu como um grupo que fez exercícios físicos - e nem precisa ser muito.

Os benefícios dos exercícios físicos foram vistos em pessoas que andaram um total de 90 minutos por semana (menos de 20 minutos por dia).

Kirk Erickson, da Universidade de Pittsburgh (EUA), afirma que nunca é tarde demais para começar a se exercitar. "Mesmo quem passou a vida inteira sendo sedentário pode se beneficiar dos exercícios", diz. Erickson afirma que caminhar três vezes por semana por meia hora é suficiente para aumentar as funções cognitivas do cérebro e reverter os efeitos do tempo.

Outra coisa importante para manter seu cérebro saudável é ser intelectualmente curioso, de acordo com o pesquisador, que deixa a dica: "Não tenha medo de aprender novas coisas, vá atrás do que você acha interessante e tente procurar novos caminho s para sua mente trabalhar".

Fonte: HypeScience.com

http://www.pharmecum.com.br/

Aspectos sensoriais e cognitivos do controle postural Sensorial and Cognitive Aspects of Postural Control

Regiane Luz Carvalho1, Gil Lúcio Almeida2

RESUMO

A estabilização postural depende de mecanismos periféricos
relativamente simples assim como de mecanismos complexos
envolvendo altos níveis de função cognitiva e integração sensório-
motora. A teoria de controle baseada em respostas reflexas
hierarquicamente organizadas tem cedido lugar a uma visão sistêmica
que enfatiza a múltipla organização e interação neural.
È tema de discussão a forma de organização das informações
sensoriais e do processamento cognitivo e sua relação com a
elaboração das estratégias motoras. Buscando responder a estas
perguntas este artigo revisa estudos que abordam aspectos biomecânicos,
sensoriais e cognitivos do controle postural.

Unitermos: Equilíbrio Musculosquelético. Limiar
Sensorial. Postura.

Citation: Carvalho RL, Almeida GL. Aspectos sensoriais e cognitivos
do controle postural.

SUMMARY

The postural stabilization are subserved by multiple sensory and
motor mechanisms, ranging from relatively simple, peripheral
mechanisms to complex ones involving the highest levels of cognitive
function and sensory-motor integration. The reflex/hierarchical
concept of postural control has changed to a systems
approach, which emphasizes a goal-directed neural organization
of multiple, interacting systems. However, there is some discussion
about how sensory information and cognitive processing
are organized to control balance. To answer these questions, this
paper reviews the biomechanics, sensorial and cognitive aspects
of postural control.

Keywords: Musculoskeletal Equilibrium. Sensory
Thresholds. Posture.

Citation: Carvalho RL, Almeida GL. Sensorial and Cognitive
Aspects of Postural Control.

Trabalho realizado na Universidade Estadual de Campinas/
SP.

1. Fisioterapeuta, Doutora em Biologia Funcional/ Neurofisiologia-
Unicamp, Professora Adjunto III do curso de Fisioterapia da PUCMinas
Campus Poços de Caldas.
2. Fisioterapeuta, Doutor Child Development -University of Illinois
at Chicago, Pós-doutorado pelo Rush Medical Center e University of
Illinois at Chicago, Professor e diretor dos programas da New York
Institute of Technology (NYIT) no Brasil.

Endereço para correspondência:
Curso de Fisioterapia/Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Campus Poços de Caldas
Av. Pe. Francis C Cox, 1661
37701-355 Poços de Caldas, MG
Fone: (35) 3729-9243
E-mail: gillucioalmeida@gmail.com/ illucioalmeida@gmail.com/
regiluz@pucpcaldas.br

Recebido em: 13/12/07
Revisado em: 14/12/07 a 28/05/08
Aceito em: 29/05/08
Conflito de interesses: não

INTRODUÇÃO

Na última década os mecanismos envolvidos
no controle postural têm sido amplamente investigados.
A teoria de controle baseada em respostas reflexas
hierarquicamente organizadas e desencadeadas
por informações sensoriais independentes tem cedido
lugar a uma visão sistêmica, que enfatiza a múltipla
organização e interação neural. Esta nova visão
sugere que o controle postural emerge da interação
entre indivíduo, tarefa e ambiente, não podendo ser
mais visto como simples resposta reativa a um estímulo
sensorial, mas sim como uma habilidade baseada
na experiência, intenção e adaptação1.
O controle postural eficiente é fundamental
para o sucesso de grande parte das tarefas diárias. O
conhecimento dos aspectos neurológicos e biomecânicos
deste controle tem implicações diretas para a
fisioterapia, justificando a importância de uma revisão
que aborde a evolução deste conhecimento.

MÉTODO

Para este fim foram consultados os bancos de
dados Medline, Lilacs e Web of Science, com as seguintes
palavras-chave: postural control, sensorial system,
visual, vestibular, somatosensorial e cognitive. Para seleção
dos artigos inicialmente foi feita a leitura dos resumos
verificando seu enquadramento nos seguintes
critérios de inclusão: idioma português ou inglês,
período de 1993–2008, revisões sistemáticas sobre
controle postural e seus aspectos sensoriais e cognitivos
e estudos experimentais relacionados ao efeito da
manipulação das informações sensoriais e cognitivas
no controle postural. Foram selecionados 5 artigos
de revisão, 22 estudos experimentais e 2 capítulos de
livro para leitura na íntegra e inclusão nesta revisão.

RESULTADOS

O controle motor engloba aspectos aplicados
tanto ao controle do movimento quanto ao controle
postural2. O controle postural envolve a orientação
postural e o equilíbrio. A orientação postural é definida
como a habilidade de manter a relação apropriada
entre os segmentos corporais e o ambiente.
Depende do controle do alinhamento corporal e do
tônus em relação à gravidade, à superfície de suporte,
às referências internas e às informações sensoriais. Já
o equilíbrio postural se refere à habilidade de manter
a posição do corpo, especificamente do centro
de massa, dentro dos limites de estabilidade através
da inter-relação das várias forças que agem sobre o
corpo, incluindo a força de gravidade, dos músculos e inerciais. Pode-se dizer que a tarefa básica do equilíbrio
é a manutenção da estabilidade corporal tanto
em condição estática quanto dinâmica3.

O controle postural é considerado uma habilidade
motora complexa derivada da interação dos
sistemas neural e musculoesquelético. Os componentes
neurais envolvem o processamento motor, processamento
sensorial, representação interna e altos
níveis de processamento essenciais para os aspectos
adaptativos e antecipatórios do controle postural4.
Os altos níveis de processamento neural se referem
às influências cognitivas no controle postural como
atenção e motivação e não ao controle consciente
propriamente dito.

Os componentes musculoesqueléticos incluem
aspectos como a amplitude de movimento, flexibilidade,
propriedades dos músculos e relações biomecânicas
entre os segmentos. Os aspectos biomecânicos
são caracterizados pelas propriedades visco-elásticas
e pela configuração anatômica dos ossos, músculos e
articulações. Qualquer limitação de força, amplitude
de movimento, dor ou mesmo de controle dos pés
(base de suporte) irá afetar o controle postural3.

As informações dos múltiplos sistemas sensoriais
incluindo o somatossensorial, visual e vestibular
são integradas pelo sistema de controle motor
para orientar e alinhar a posição entre os segmentos
corpóreos e a sua localização em relação ao meio
externo5. A partir destas informações o sistema nervoso
elabora estratégias posturais que representam
soluções sensório-motoras para o controle da postura
incluindo não apenas sinergias musculares, mas
também padrões de movimentos articulares, torques
e forças de contato6,7.

A interação dos sistemas sensoriais não resulta
de uma simples convergência, mas sim de transformações
apropriadas e coordenadas. Cada canal
sensorial tem qualidades diferentes em termos de resolução
e importância, sendo que a fidedignidade de
uma informação pode alterar a confiabilidade de outra8.
Quando o ambiente sensorial é alterado, ocorre
a readequação da dominância das informações sensoriais
para minimizar os conflitos9. Vários estudos
têm investigado o efeito da manipulação sensorial e
sua relação com o controle postural.

Visão

A função básica da visão é orientar a posição e
movimento da cabeça em relação ao ambiente, sendo
que em condições estáticas as aferências visuais
reduzem a oscilação corporal em aproximadamente 50%10. Para Vallis et al.11, além de sua função básica,
a visão desempenha um papel fundamental na estabilização
tardia das correções posturais e no planejamento
de reações antecipatórias.

O papel das informações visuais na estabilização
postural parece aumentar durante a permanência
em superfícies instáveis, durante a aquisição de
uma habilidade motora e em pacientes com desordens
vestibulares12,13.

As informações visuais podem ser facilmente
manipuladas pela movimentação do cenário, oclusão
ou por estímulos optocinéticos14,15.

Informações somatossensoriais

O sistema somatosensorial difere de outros
sistemas por apresentar receptores pelo corpo e não
concentrados em locais especializados e por responder
a vários estímulos que se agrupam em quatro categorias:
toque, temperatura, dor e propriocepção9.
Os receptores proprioceptivos têm especial relação
com o controle postural por informarem continuamente
ao SNC a posição de cada segmento corpóreo
em relação a outro possibilitando a representação da
geometria estática e dinâmica do corpo9. A importância
da propriocepção para a manutenção da postura
fica evidente pelas conseqüências clínicas desastrosas
observadas em indivíduos com déficits nesta
modalidade sensorial16.

Existem evidências do predomínio destas informações
na manutenção do equilíbrio em superfícies estáveis17.
Nesta condição, o risco de queda é vinte e três
vezes maior em portadores de neuropatia periférica18.

A propriocepção pode ser manipulada por várias
técnicas como bloqueio isquêmico dos músculos,
anestesia local e vibração dos tendões musculares. A
utilização limitada da isquemia e anestesia se deve
ao efeito não seletivo e de curta duração. A vibração
muscular altera a orientação postural por ativar as
aferências fusais produzindo uma situação de ilusão
da posição do membro. Como resultado da ativação
fusal observa-se a contração muscular19.

Informações vestibulares

O sistema vestibular envia informações sobre a
orientação da cabeça detectando as variações temporais
das velocidades angular e linear9. O papel das informações
vestibulares no controle das respostas posturais
tem sido muito debatido. Day et al.20 defendem
a premissa de que as informações vestibulares desempenham
um pequeno papel na manutenção de posturas
estáticas. Por outro lado, a redução das aferências vestibulares levam a déficits consideráveis no controle
de tarefas complexas como a locomoção e o balanço
em plataforma sinusoidal, indicando sua grande importância
em situações de natureza dinâmica21.

As informações vestibulares podem ser manipuladas
pela aplicação de estimulação galvânica (EGV).
A aplicação de corrente galvânica nos processos mastóideos
despolariza o nervo vestibular e aumenta a
freqüência de disparo dos aferentes vestibulares do
lado do cátodo e diminui do lado do ânodo, resultando
em uma oscilação corporal para o lado do ânodo21.
A EGV permite avaliar os efeitos primários das informações
vestibulares na postura já que outras técnicas,
como a rotação cefálica, ativam simultaneamente as
aferências proprioceptivas cervicais22.

A mesma estimulação vestibular resulta em
respostas posturais diferentes dependendo do nível
de ativação dos sistemas somatossensorial e visual, indicando
a existência de uma ampla integração intersensorial5,17.
Por exemplo, a oscilação decorrente da
EGV é menor quando as informações visuais estão
disponíveis e maior durante a permanência em uma
superfície de espuma ou plataforma de translação23.

Processamento cognitivo

A relação entre atenção e controle postural é
uma área nova e crescente de estudo que tem revelado
aspectos importantes do papel do processamento
cognitivo no controle postural. O método mais utilizado
para este fim é o paradigma de duas tarefas,
no qual o controle postural (considerado como tarefa
primária) e uma tarefa secundária são realizados
concomitantemente4.

Ebersbach et al.24 analisaram o efeito de tarefas
concorrentes [retenção de memória (repetir seqüência
de números) e execução de movimento fino (abrir
e fechar botão)] no controle postural durante o movimento
(marcha) e observaram uma piora durante
a execução da dupla tarefa. Lajoie et al.25 compararam
o tempo de resposta a um estímulo sonoro em
diversas posições: sentado, em pé e sobre uma barra
estreita. Descobriram que quanto maior a dificuldade
de manutenção da postura requerida, maior era o
tempo de resposta ao estímulo sonoro. Estes achados
indicam que a instabilidade postural aumenta o tempo
necessário para realização de uma tarefa cognitiva
e prejudica a sua performance. Para Woollacott et
al.4 a necessidade de atenção para o controle postural
depende da complexidade da tarefa.

Avançando para clínica, Horak3 sugere que a
ocupação com uma segunda tarefa pode resultar em processamento cognitivo insuficiente, levando a quedas
em pacientes com distúrbios neurológicos.

Estratégias Posturais

Estudos de controle motor levaram ao conceito
de sinergias musculares e estratégias posturais.
As sinergias podem ser definidas como padrões de
atividade muscular em resposta a perturbações, organizadas
centralmente de forma a simplificar o
controle do movimento. As estratégias posturais incluem
não apenas as sinergias musculares, mas também
padrões de movimento, torques articulares e
forças de contato. As estratégias posturais também
são descritas como respostas posturais automáticas
coordenadas26.

São três as principais estratégias utilizadas
para retornar o corpo à posição de equilíbrio3.

Estratégia do tornozelo, na qual o corpo se move
ao nível do tornozelo como um pêndulo invertido.
É utilizada para manutenção do equilíbrio frente a
pequenas oscilações3.

Estratégia do quadril, que é utilizada quando a
base de suporte se torna menor e mais instável. Os
movimentos que fazem parte da estratégia do quadril
são centrados nesta articulação e se caracterizam
pela ativação precoce da musculatura proximal do
tronco e quadril3.

Estratégia do passo, que é utilizada em grandes
perturbações para evitar a queda, sendo caracterizada
pela ativação inicial dos abdutores do quadril e
co-contração do tornozelo3.

Para Horak et al.1, as estratégias emergem do
processamento neural para fornecer um plano de
ação baseado nos objetivos, no contexto ambiental,
e particularmente na atividade ou tarefa. São organizadas
no espaço e no tempo para produzir forças
efetivas que contraponham o distúrbio. Indivíduos
sem comprometimento neurológico modulam a
magnitude de sua resposta postural automática com
a magnitude do distúrbio. Com a exposição repetida
a distúrbios inesperados às estratégias posturais, que
inicialmente são executadas com ativação muscular
excessiva, apresentam uma redução na magnitude
de sua resposta27.

O conceito de estratégia postural também pode
ser aplicado às respostas posturais antecipatórias. A
aquisição destas implica na transformação de correções
posturais compensatórias em antecipatórias. O
modelo geral para esta transformação envolve um sistema
adaptativo que constrói uma imagem interna do distúrbio a ser minimizado. Os ajustes posturais antecipatórios
dependem da experiência prévia26.

Indivíduos com pobre coordenação das respostas
posturais automáticas demonstram maior
instabilidade em resposta a distúrbios externos. Já
indivíduos com pobre coordenação das reações antecipatórias
desequilibram mais com seus próprios
movimentos1.

Implicações práticas

O conhecimento da organização sensorial
e cognitiva e de aspectos específicos das estratégias
posturais pode ajudar na compreensão do controle
postural e de suas disfunções. A avaliação do controle
postural deve permitir a quantificação da capacidade
funcional do paciente, assim como das alterações
específicas que comprometem seu controle postural.
Deve abranger as características sensoriais, especificidades
das estratégias posturais, assim como fatores
relacionados à atenção. Medidas simples do equilíbrio
podem não identificar as limitações do processo
sensório-motor responsáveis pelo descontrole postural,
como, por exemplo, os problemas na organização
temporal das estratégias posturais observados
em vários pacientes com distúrbios neurológicos1.
Dentre estes problemas destacam-se a lentidão no
início da resposta postural e a seqüência temporal
reversa de ativação dos músculos posturais28.

Outras limitações específicas podem estar
relacionadas à dificuldade de adaptação das estratégias
posturais às alterações ambientais, ou mesmo
às restrições músculo-esqueléticas como fraqueza e
inabilidade de gerar força suficiente para contrapor
um distúrbio postural3. O processamento sensorial
também tem grande influência do controle postural
e, quando inadequado, pode prejudicar o desenvolvimento
de modelos internos precisos do controle
postural, comprometer a capacidade de adaptação e
prejudicar a habilidade de antecipação26.

A identificação de déficits posturais específicos
pode auxiliar a reabilitação, aumentando as chances
de sucesso. A latência das respostas posturais pode
ser trabalhada com estimulações sensoriais que aumentem
a excitabilidade dos motoneurônios e facilitem
seu disparo26. A ordem de recrutamento muscular
pode ser trabalhada com feedback29. A capacidade
de adaptação aos distúrbios pode ser estimulada pela
exposição repetida a perturbações de várias amplitudes,
assim como pela variação da precisão das informações
sensoriais26.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O controle da postura depende de uma complexa
interação entre o sistema neural e músculo-esquelético.
O sistema nervoso utiliza as informações
sensoriais na elaboração de comandos motores capazes
de recuperar o equilíbrio. Estes comandos são
modulados pelas características sensoriais e também
por mecanismos relacionados à atenção, experiência
e contexto. O sucesso do controle postural depende
da flexibilidade e adaptação da organização sensorial
e das estratégias de manutenção do equilíbrio.
O fisioterapeuta deve acompanhar os avanços do
conhecimento nesta área e estar atento a todos os fatores
capazes de influenciar o controle postural, pois
só assim será capaz de direcionar adequadamente a
intervenção terapêutica.

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Fonte:http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/252_revisao.pdf

O poder das emoções contra a dor

Aquele gesto simples de dar um beijinho no filho quando ele machuca o joelho é muito mais do que um ato instintivo. Ele de fato é capaz de aliviar a dor, assim como outros recursos não convencionais, incluindo aí o uso da imaginação e do bom humor. É isso o que estão revelando as novas pesquisas sobre a dor e sua relação com as emoções. Cada um a seu modo, os trabalhos demonstram que a associação é mais forte do que se imaginava. Dessa forma, as constatações inauguram uma outra maneira de encarar e de tratar o sofrimento, na qual os sentimentos não podem ser desprezados.

As evidências mais recentes do vínculo entre dor e emoção foram apresentadas na última semana. Nos EUA, cientistas da Universidade da Califórnia divulgaram um estudo no qual verificaram que o amor é capaz de aliviar a dor. Em um experimento interessante, eles constataram que o simples pensamento em uma pessoa querida reduz o desconforto. Para chegar a essa conclusão, eles reuniram 25 estudantes da instituição que mantinham um namoro há mais de seis meses.

As jovens passaram pela seguinte experiência: enquanto recebiam um estímulo doloroso, olharam a foto do namorado, de um estranho e de uma cadeira. "Quando estavam diante da figura do parceiro, manifestaram muito menos dor", contou Naomi Eisenberger, diretora do Laboratório de Neurociência Afetiva e Social da universidade. Depois, a situação foi repetida, mas desta vez as estudantes seguraram a mão do namorado, de um estranho ou uma bola de tênis. E a dor também foi mais branda quando sentiam o toque da pessoa amada.

O outro dado veio do Canadá. Lá, cientistas da Universidade de Montreal verificaram que o cérebro pode ampliar a sensação na presença de sentimentos negativos. Eles colocaram 13 voluntários diante de imagens felizes (a prática de esqui em um lago, por exemplo), amedrontadoras (um urso enfurecido) e neutras (livros). Assim que viam cada uma das categorias, recebiam choques elétricos levemente dolorosos. Os pesquisadores registraram maior atividade da área cerebral vinculada à dor quando os participantes tinham emoções ruins, como o medo. E os voluntários de fato disseram sofrer mais nessas circunstâncias. "Quando você está de bom humor, seu cérebro envia sinais para o corpo que reduzem a transmissão dos sinais dolorosos para as regiões do próprio cérebro onde a sensação será processada", explicou à ISTOÉ Mathieu Roy, autor do trabalho.

Este mesmo mecanismo ajuda a explicar as conclusões de outro estudo, conduzido nas universidades de Duke e da Carolina do Norte, ambas nos EUA. Publicado no jornal científico "Pediatrics", o trabalho analisou a eficácia de um método cujo objetivo é estimular a imaginação para combater a dor. Ele foi batizado de imaginação guiada. Os cientistas selecionaram 29 crianças com queixa de dor abdominal crônica de causa indefinida. Parte usou os remédios tradicionais. O outro grupo fez sessões do novo método diariamente, durante oito semanas. Eles ouviam CDs criados para incentivar a imaginação. Um, por exemplo, estimulava os pequenos a se verem flutuando em nuvens ou a pensar em coisas como uma pedra brilhante e aquecida que, quando colocada sobre o abdome, trazia alívio. O efeito da imaginação foi impressionante. Entre as que usaram o recurso, 73% reportaram que a intensidade da dor havia sido reduzida à metade. Apenas 26% das crianças tratadas com as medicações tradicionais experimentaram o mesmo benefício. "As conclusões mostraram que a imaginação é um recurso eficaz, acessível e sem custo para tratamento da dor", disse Miranda van Tilburg, professora da Divisão de Gastroenterologia da Universidade da Carolina do Norte e coordenadora do trabalho.

No Brasil, a valorização das emoções começa a ganhar corpo. Em São Paulo, o terapeuta corporal Pedro D´Amico usa a técnica da visualização para ajudar. A comerciante Mônica Menezes, 34 anos e grávida de oito meses, recorreu ao método para vencer as dores de cabeça que a atormentaram por cinco anos. "Os médicos não achavam uma causa física para o problema", conta. "Mas percebi que ela surgia quando enfrentava contrariedades. Era uma consequência do modo como lidava com as emoções. Por isso, quando acordava triste, imaginava o calor e a luz do sol entrando em mim."

Fonte: ISTO É

http://www.pharmecum.com.br/

Posturas Assimétricas Como Recurso Para Orientação Mastigatória

O objetivo deste trabalho foi, por meio de experiência prática, demonstrar a eficácia de um recurso para auxiliar a orientação mastigatória com base na relação existente entre a função mastigatória e a postura corporal.

Participaram 45 indivíduos adultos de ambos os sexos, os quais foram submetidos a posturas assimétricas durante o ato mastigatório. A experiência demonstrou que uma mudança na postura vai acarretar alteração no lado de trabalho mastigatório.

INTRODUÇÃO

Uma alimentação correta é a base para o crescimento e desenvolvimento do ser humano (MORALES, 1999). A mastigação é considerada por muitos autores como a principal função do Sistema Estomatognático. O estímulo provocado pela função mastigatória contribui para o desenvolvimento das estruturas faciais (PLANAS, 1988; MOLINA, 1989; ENLOW, 1993) e conseqüentemente para o estabelecimento de padrões corretos das demais funções estomatognáticas. O ato mastigatório exige importantes movimentos dissociados de língua, lábios e mandíbula que preparam a musculatura orofacial para a fonoarticulação propiciando o desenvolvimento dos movimentos refinados da fala. Um distúrbio em uma parte do complexo oro-facial manifesta-se não apenas no local, mas perturba o equilíbrio de todo o sistema orgânico. A observação clínica mostra que uma postura patológica ou defeituosa da cintura pélvica influi na posição da mandíbula, podendo causar assim problemas fonoarticulatórios (MORALES,1999). As funções das estruturas deste sistema estão intimamente envolvidas e mantém uma relação direta com a postura de cabeça, cintura escapular, que por sua vez tem uma estreita relação com a cintura pélvica e os pés. Em pesquisas realizadas em uma população jovem foram verificados movimentos sincronizados de cabeça durante mastigação unilateral, bem como alterações posturais no sentido frontal (escoliose), demonstrando associação dos movimentos repetidos com os desvios posturais (LEFÈVRE, 2003; SAMPAIO, 2003). Este artigo descreve um trabalho prático realizado com indivíduos adultos utilizando posturas assimétricas com o objetivo de experimentar as variações da função mastigatória. Justifica-se esse trabalho como a busca de um recurso alternativo que facilite a orientação mastigatória. O objetivo foi apresentar esse recurso testado por nós que se mostrou eficiente como método e eficaz como resultado, aos colegas fonoaudiólogos, dentistas e fisioterapeutas que trabalham na orientação mastigatória e postural.

MASTIGAÇÃO E POSTURA

Postura é, segundo Lehmkuhl & Smith (1989), uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das partes corporais para uma atividade específica, ou uma maneira característica de uma pessoa sustentar seu corpo. Utilizada para realizar atividades com o menor gasto de energia, prepara o indivíduo para a realização de um movimento, bem como promove a sustentação durante o mesmo. Segundo Castillo Morales o movimento, por sua vez, não deve ser considerado como uma simples função motora isolada, mas como a inter-relação motora dos processos segmentários coordenados, os quais se desenvolvem e se manifestam em seqüência tendo como fim essencial a percepção de si mesmo (esquema corporal), do meio e do vínculo entre ambos. Os engramas motores se produzem pela experiência com variabilidade e funcionalidade. A mandíbula é formada por dois segmentos embrionários que correspondem às vias de recepção neural, enquanto a maxila recebe informações por três diferentes vias. O sistema mastigatório só é posto em funcionamento durante o ato da mastigação que se realiza unilateral e alternadamente promovendo a recepção neural através dos dentes da hemiarcada direita ou esquerda, de acordo com o lado que se mastiga. Neste ato alternam-se os movimentos de lateralidade, os quais correspondem ao deslizamento da parte superior da articulação têmporo-mandibular (ATM) no lado de balanceio e uma fricção oclusal mais potente no lado de trabalho Para que haja estímulo adequado, a mastigação deve ser bilateral e alternada, o que corresponde a uma harmonia funcional. Por volta de quatro anos de idade a criança já deverá ter um ciclo mastigatório, com movimentos alternados para a direita e a esquerda (PLANAS, 1988). O Sistema Estomatognático realiza uma série de funções que se relacionam com o restante do organismo sendo dependente não só das estruturas topograficamente envolvidas mantendo estreita relação com o posicionamento da cabeça. Os músculos que ligam a cabeça à cintura escapular formam uma cadeia cinemática fechada. Quando um deles é acionado, os demais sofrem adaptações. A modificação do posicionamento de uma das estruturas acarretará alteração no posicionamento das demais, sendo a função mastigatória dependente da postura da cabeça (Brodie, 1950; Solow & Tallgreen, 1976; Segóvia, 1977; Rocabado, 1979; Huggare & RAUSTIA, 1992; Gelb, 1994; Scnhinestsck, 1997; Bernkopf et al., 1997-1998; Bricot, 1999; Manheimer, 2001; Douglas, 2002). BRICOT (1999) afirma que os ciclos mastigatórios devem ser equilibrados, sendo a mastigação unilateral fonte de desequilíbrio sobre os músculos do pescoço e das cadeias musculares anteriores. O desequilíbrio induzido por uma disfunção mastigatória descompensa o sistema tônico postural e o desequilíbrio deste também perturba o aparelho mastigatório. “A adaptação do sistema manducatório sobre o pé foi demonstrada experimentalmente (Toubol e Perez): uma modificação do apoio no chão, mesmo mínimo, modifica o ciclo mastigatório de um indivíduo, sua correção também.” BRODIE (1950) relaciona os elementos do crânio até a cintura escapular em um esquema modificado por MORALES (1999) que incluiu as assimetrias corporais acompanhadas das funções, considerando que “em função estamos sempre em assimetria”. Para que as atividades funcionais estejam coordenadas à motricidade, deve-se ter em conta as relações sensoriais - percepções individuais. São as percepções que ordenam a integração das posturas funcionais. As informações das atividades sensório-motoras chegam até o indivíduo e se cruzam em diagonais na região dorso-lombar, mais especificamente na região das duas primeiras vértebras lombares (L1 e L2), onde há maior concentração de neurônios que informam atividade de membros inferiores em relação a membros superiores. Em uma vista frontal, o corpo descreve dois triângulos que se cruzam nesta região (Figura 1) e cujas bases são representadas pelas extremidades superiores (mãos) e inferiores (pés). Os vértices de ambos os triângulos se unem na região dorso-lombar, centro de informação e encontro funcional (MORALES, 1999). Muitas vezes, quando se trata uma determinada parte do corpo, pode-se estar dando origem a desvios e “stress” postural em outra região. É necessário, portanto, que os profissionais da saúde se dediquem a conhecer, não só o funcionamento de um determinado sistema, mas também seus relacionamentos com os demais sistemas do organismo. MORALES (1999) propõe uma terapia corporal e de regulação orofacial para indivíduos com patologias centrais e periféricas, podendo ser também aplicado a indivíduos sem estas alterações. Considera o ser humano como único e exclusivo e elabora o plano terapêutico de acordo com cada indivíduo considerando que o resultado orofacial só é obtido se trabalharmos a postura corporal. Partindo dessa premissa buscou-se nessa experiência posturas que pudessem alterar o padrão mastigatório.

MATERIAL E MÉTODO

Sujeitos Essa experiência foi realizada com um grupo de 45 indivíduos adultos, de ambos os sexos, sem conhecimento prévio a respeito do assunto descrito nesse artigo. Os indivíduos foram selecionados aleatoriamente independente do tipo de oclusão, da existência ou não de alterações funcionais ou posturais. Local A experiência foi realizada durante o evento “POSTURA – Equilíbrio do Homem” promovido pelo Núcleo Multidisciplinar de Saúde Corporal do SESC Consolação, no dia 19 de Outubro de 2000. Materiais · Cadeira tipo “universitária” · Pão de queijo caseiro · Colchonetes Procedimentos Primeira Fase Foi aplicada uma técnica de relaxamento induzido, com os indivíduos deitados nos colchonetes em decúbito dorsal, por meio de exercícios ideoplásicos com o objetivo de eliminar as possíveis tensões decorrentes do dia. Segunda Fase Foi oferecido aos participantes pães de queijo para que mastigassem na posição sentada habitual (ortostática individual – sem correção prévia), observando e anotando a maneira como cada um mastigava. Terceira Fase A experiência foi repetida com os participantes em pé na posição habitual (ortostática - sem correção). Após observação e anotação individual, os participantes comentaram com o grupo suas percepções a respeito da mastigação. Quarta Fase Foi solicitado aos participantes que mastigassem em quatro diferentes posturas assimétricas (Figuras 2 e 3): · elevando um dos membros inferiores apoiando o pé sobre a grade inferior de uma cadeira tipo “universitária”; · elevando o outro membro inferior da mesma maneira; · sentados com uma das pernas dobrada sob o ísquio do lado contrário; · sentados com a outra perna dobrada sob o ísquio oposto. Novamente o grupo comentou suas observações que foram anotadas.

RESULTADOS

Independentemente da existência de alterações oclusais, posturais e ou funcionais, os indivíduos foram capazes de identificar e descrever alterações nos padrões mastigatórios. Nas observações iniciais, alguns indivíduos foram capazes de identificar um lado como sendo o predominante durante a mastigação. Após alterarmos as posturas habituais para posturas assimétricas a observação geral foi que, independentemente da existência anterior de um lado predominante na mastigação, a elevação de uma das pernas modificava imediatamente o lado de trabalho. Quando a postura assimétrica era feita com os indivíduos sentados, o corpo flexionava em direção a um dos lados, modificando novamente o lado de trabalho. DISCUSSÃO Existe uma relação muito estreita entre a coluna cervical, a postura da cabeça, a posição do tronco e dos pés. Sempre que houver uma mudança de postura da cabeça, mecanismos compensatórios serão ativados por todo o corpo, buscando a manutenção dos planos bipupilar e coclear. A musculatura do Sistema Estomatognático está diretamente ligada a manutenção da postura, portanto qualquer fator influirá na relação crânio-cervical, desencadeando mecanismos compensatórios. A avaliação da estabilidade postural do paciente é um fator importante no diagnóstico de transtornos crânio-mandibulares, tanto em crianças como em adultos. Estas informações são essenciais para o diagnóstico do caso e tornam evidente a necessidade de um trabalho coordenado entre dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e médicos (transdisciplinar). Os desvios posturais são quadros patológicos freqüentes. É comum que passem desapercebidos pela capacidade interpretativa e terapêutica de profissionais da Odontologia ou Fonoaudiologia. O trabalho transdisciplinar surgiu da necessidade de se buscar uma mesma linguagem entre profissionais da área de saúde para que se possa avaliar o paciente a partir das mesmas premissas, com o objetivo de se conhecer um pouco o trabalho do outro, a fim de detectar distúrbios que não sejam de sua área específica. As posturas assimétricas podem ser utilizadas para auxiliar o trabalho de adequação da mastigação em indivíduos com alterações oclusais ou funcionais.Foi demonstrado que é possível se trabalhar a função mastigatória, mesmo quando não houve correção da forma. A orientação mastigatória é uma das formas mais utilizadas para a prevenção e ou correção dos desvios oclusais e funcionais. Apesar disso, nem sempre é possível ao paciente executar uma mastigação adequada, devido a alterações oclusais e posturais.O padrão mastigatório é determinado não pela vontade do indivíduo mas por padrões neuromusculares e biomecânicos em resposta as condições morfológicas e funcionais individuais, sendo a postura corporal um dos fatores a ser considerado. Segundo YAMABE et al. (1999) investigar a mudança de postura mandibular a partir de outra perspectiva pode oferecer informações a cerca de posturas corporais que facilitem a mastigação. Com o emprego das posturas assimétricas preconizadas por MORALES (1999) aumentam, substancialmente, as possibilidades de sucesso. É importante observar a postura para se iniciar ou finalizar um tratamento seja ele, Fonoaudiológico, Ortopédico Funcional ou Ortodôntico.

CONCLUSÕES

A adoção de posturas assimétricas mostrou-se eficaz como recurso para a alteração do lado da mastigação nos indivíduos testados · A mudança de postura corporal pode inverter o lado de trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fonte:http://www.respiremelhor.com.br/detartigo.php?id=684

Espondilite Anquilosante

Doença pouco conhecida pode comprometer as articulações
Dores intensas nas costas e na região da bacia. Os sintomas podem indicar uma doença que poucos ouviram falar: a espondilite anquilosante.

Como o próprio nome já diz, a doença diminui ou impossibilita os movimentos de articulações. Com o avanço, o indivíduo pode desenvolver rigidez na coluna e tornar-se incapaz de realizar atividades motoras. Felizmente, menos de 1% da população é portadora da enfermidade, que afeta, na maioria das vezes, os homens, entre 20 e 30 anos. Mas especialistas alertam: o diagnóstico tardio pode tornar o quadro irreversível, por isso, a partir dos primeiro sintomas, recomenda-se buscar um reumatologista. A espondilite anquilosante prejudica a coluna vertebral e articulações periféricas, causando inflamações nas cartilagens, o que compromete a qualidade de vida do indivíduo. A medicina ainda não conseguiu explicar porque a enfermidade atinge principalmente os homens, que começam a sentir dores nas costas e, posteriormente, na bacia. Ao contrário das demais dores lombares, a dor causada pela doença não melhora com o repouso. No estágio inicial, ela é esporádica: o indivíduo sente dor durante dois ou três dias, usa antiinflamatórios e os sintomas desaparecem, só retornando cinco ou seis meses depois. Quando a doença atinge um estado grave, no entanto, os sintomas são bem piores. “A dor permanece todo o tempo, sem dar uma trégua”, explica o reumatologista e professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, Fernando Cavalcanti, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia e membro do Conselho Fiscal da entidade. Nesta fase, o diagnóstico é considerado tardio. “Na Inglaterra, leva-se 12 meses até o diagnóstico. Aqui, ainda é pior: se descobre a doença quando ela já está bastante avançada”, compara o médico, que também integra o conselho editorial da revista inglesa Rheumatology. Nesse estágio, o indivíduo apresenta a coluna reta, sem curvas. “Se ele encostar o pescoço na parede, o pescoço fica rente à parede”, descreve o especialista. Na anquilase total de coluna, quando ela está totalmente calcificada, o paciente passa a andar como se tivesse um tronco de pedra. “Para olhar para trás, por exemplo, ele não consegue virar o pescoço, precisa virar todo o corpo”, emenda. Outros sintomas também denunciam a doença. Portadores de uveíte, inflamação intra-ocular, que gera dor, coceira, sensação de areia e vermelhidão nos olhos, também podem ter desenvolvido a doença. Até mesmo o comprometimento da válvula aórtica, menos comum, pode indicar a enfermidade. Origem A origem da espondilite anquilosante tem sido alvo de inúmeras teorias. Na maioria delas, a causa reside em comprometimentos hereditários, imunológicos e ambientais, que podem atuar conjuntamente. Uma das teorias mais aceitas pela comunidade médica, é que estímulos ambientais, encaixados ao marcador genético da doença HLAB27 localizado na membrana da célula, produz anticorpos contra as articulações. Que estímulos são esses, no entanto, ninguém sabe ainda. Para o diagnóstico, são necessários exames de imagem, como ultrassonografia e tomografia, além de exames de sangue para verificar a existência do HLAB27, que podem ser feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os tratamentos variam a depender do estágio em que se encontra a doença. No mais avançado, é necessário adaptar o ambiente em que vive o paciente às suas necessidades. Cadeiras rígidas, altas, são recomendadas por especialistas. No estágio inicial, aconselha-se exercícios físicos como natação, além de fisioterapia e RPG (reeducação postural global). Em todas as fases, são necessários medicamentos que oferecem uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Centros de reumatologia oferecem tratamento O reumatologista do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, vinculado à Universidade Federal da Bahia (Ufba), Albino Eduardo Novaes, informou que, em Salvador, existem centros de reumatologia nos hospitais Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), São Rafael, Santa Izabel e o Universitário Edgard Santos. Os medicamentos de ação mais complexa podem ser obtidos pelo Programa de Medicamentos de Alto Custo do governo federal, por meio da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), nos hospitais Santa Izabel, Ernesto Simões e Edgard Santos. O programa não fornece os medicamentos antiinflamatórios que apenas ajudam a contornar as dores. Já as substâncias modificadoras (que melhoram a qualidade de vida do paciente) e as biológicas, muito sofisticadas e de alto custo, que bloqueiam as substâncias básicas do processo inflamatório, são obtidos por meio do programa. Fontes: Correio da Bahia - BA http://www.pharmecum.com.br http://www.portaldafisioterapia.com/?pg=fisioterapia_reumatologica&id=1038

Tratamento novo em pacientes com AVE

Óleo de planta ajuda a recuperar movimentos de vítimas de AVC

O óleo essencial da Alpinia speciosa Schum, planta regional do Nordeste conhecida como 'Bastão do Imperador' e muito utilizada na fabricação de colônias para o candomblé, tem ação relaxante que ajuda na recuperação pacientes com o sistema nervoso lesionado por doença vascular encefálica, lesões de medula, paralisia cerebral, traumatismo crânio-encefálico, esclerose múltipla, entre outras enfermidades que atingem a via nervosa.

A descoberta, feita em Sergipe pela fisioterapeuta Edna Aragão Farias Cândido durante a conclusão do doutorado pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), já gerou patentes nacional e internacional.

Edna Aragão, que desenvolveu pesquisas no Centro de Fisioterapia da Universidade Tiradentes, em Aracaju (SE), avaliou quase mil grupos musculares e acompanhou 75 pacientes. Todos recobraram os movimentos. O caso mais significativo é o do lutador de jiu-jitsu sergipano João Alberto Alves, 31 anos.

Em 2007, Alves sofreu um acidente vascular encefálico após cirurgia para retirada da glândula tireoide. "Eu era independente e, de uma hora para outra, me vi precisando de ajuda para fazer tudo. Foi muito difícil", afirma o lutador que sequer levantava da cama, mas hoje usa o andador com facilidade e faz exercícios físicos.

Em uma situação patológica, por falta de controle do sistema nervoso central, os impulsos nervosos vindos da medula para o músculo ficam acentuados, causando espasticidade (espasmos) e, ao mesmo tempo, paralisia muscular. Em sua tese, a pesquisadora mostrou que o óleo atua nos canais de cálcio, responsáveis pela contração muscular. O excesso de cálcio promove a tensão do músculo. Sua normalização permite que o músculo contraia e relaxe normalmente, o que gera energia para novos movimentos.http://www.portaldafisioterapia.com/?pg=fisioterapia_neurofuncional&id=1247